Zorianda - The Log
A palavra escrita e por vezes dita... Divagações tecladas intencional e diabolicamente.
quarta-feira, 4 de junho de 2025
O cérebro não faz copy/paste
quinta-feira, 9 de janeiro de 2025
Eu preciso...no Metro do Porto
No metro, com um podcast de true crime enfiado nos orifícios auriculares, abstraio-me. É true crime, por isso estou em paz, serena, focadérrima. Fecho os olhos para absorver cada sonzinho afiado e sombrio, cada inflexão da voz do narrador, num british english sensualão.
Estou ali há 5 segundos com as cortinas corridas para o
mundo que balanceia acima da linha do solo neste metro “de superfície”.
Atravessando o espesso casaco fofo, verde musgo, um blusão
de ganga e uma blusa preta que escolhi apressadamente, sinto diretamente na
pele um aperto no braço...ato contínuo, ainda sem abrir os olhos, giro o ombro
em direção ao bolso de trás das calças para sacar do passe e confirmar a validação da viagem
no dispositivo móvel do “pica” que não pica, faz bip. Não era o revisor.
Recolhi a mão e fitei. Estava olho com olho. Receei conjuntivite, porque sou
achacada a essas coisas.
- Esta noite – sussurrou a mulher de longos cabelos negros inclinada sobre mim, ela, e o decote que me esforcei por evitar mas já não
consegui... – esta noite (repetiu), reze dois Pai Nossos e uma Avé Maria antes
de dormir. Ouviu?
Ouvi, mas só consegui anuir com a cabeça porque ainda estava
a tirar os buds dos ouvidos.
- Eu estava ali a olhar para si, e... – mão esquerda dela no
meu peito, graças a Deus entre o ombro e a mama, e graças às camadas de roupa,
também!... – eu sou vidente, eu sei estas coisas. Você precisa. Eu sou vidente.
Agradeci. Não disse que fazia, mas agradeci.
Retirou a mão. Ah, não retirou...levantou e voltou a poisar.
Mais duas pancadinhas na fofura do meu casacão.
- Você precisa...
- Obrigada. – respondi. Saúde! (foi a única coisa que me
saiu. Desejei-lhe a física e a mental)
E sai a criatura naquela paragem.
Primeiro pensamento: “Fod#-se, estas coisas, só a mim.”
Segundo pensamento: “Ainda tenho o relógio no pulso?”
Terceiro pensamento: “Que caras faço eu quando fecho os
olhos para ouvir podcasts?!”
Quarto pensamento: “Eram duas Avé Marias e um Pai Nosso ou
dois Pai Nossos e uma Avé Maria?”
Quinto pensamento: “...se forem dois, o plural é em “pais”
ou em “nossos”?”
Raisparta.
Só a mim...
sexta-feira, 18 de janeiro de 2019
Grela que é Batata
Foto: modernfarmer.com
sexta-feira, 28 de março de 2014
A insustentável leveza da flatulência
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Crocante por fora, saudosista por dentro
Ai...isto foi há dias, século
XXI, numa altura em que se olha de lado e se torce o nariz a quem apresenta um
escaldão...não quero parecer moralista mas o tempo da pele de pato à l’orange
não é este. sexta-feira, 17 de maio de 2013
A mente e a linha
Às vezes surpreendo-me com as
coisas que uma mulher é capaz de ensaiar em pensamento, com as lógicas
distorcidas que só nós somos capazes de tecer...do nada saem verdades absolutas
que, valha-me Deus...quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Pontos (e vírgulas...) de vista
Ausência de pontuação é um plus, defendo isto com todas as garras, argumento e discuto com quem comigo se cruzar. Bebo linha a linha, parágrafo a parágrafo, entendo, interpreto e construo.
Quem o lê tem que estar ali, deixar-se absorver…Admiro quem “elastica” morfologia, sintaxe, métrica…gosto de quem brinca com estas coisas. E hoje, hoje em dia chuvoso, apetece-me brincar cá dentro, de casa e das palavras.
Proponho 2 cenários (perdoem-me o amadorismo de uma pseudo) para um mesmo texto, palavra a palavra que pontuados, cada um de sua forma, são outra coisa completamente diferente.
Cenário 1
Uma mulher presta declarações numa esquadra. Fala com o Inspetor e termina divagando nos pensamentos evocando o objeto do seu afeto.
Nunca soube o que era o amor até hoje!
Parece-me que sempre fui capaz de tudo incluindo matar…
Se tenho saudades? Tenho. Desses tempos de ingenuidade em que tudo era claro.
Agora percebo onde andava. Andava, sim andava num estado de dormência, na penumbra, não era feliz…
Agora sim, sei-o eu, matou-se o desejo. Por agora fico onde estou, contigo, presente…”
Um Inspetor roça o limite da sanidade mental após um acontecimento dramático. Foi presente a uma Inspetora-Chefe mas não está numa esquadra…
- Até hoje parece-me que sempre fui capaz de tudo.
- Incluindo matar-se?
- Tenho saudades, tenho…desses tempos de ingenuidade em que tudo era…
- Claro! Agora percebo onde andava…!
- Andava?!
- Andava, sim! Andava num estado de dormência, na penumbra.
- Não…
- Era feliz?
- Agora, sim…
- Sei-o eu! Matou-se! O desejo…
- Por agora fico…onde estou? Contigo?!
- Presente!"






