Daqueles
assinados por pesquisadores internacionais de uma universidade num lugar
qualquer que comece por W ou H e que vem descrito numa publicação muito
importante e de renome. Para o caso, a BBC online. Os pesquisadores são
britânicos e a universidade é com M de Manchester.
O estudo interessa-me,
muito. É dos que me interessam porque validam e atestam a certeza suprema de
que há explicação para a minha incompreendida forma de ver as coisas...
“Ouvir vozes pode ser normal, diz
estudo” – aqui abdicava do pode ser
que já estraga a certeza...
Antes de continuar a divagar,
aviso já. Não padeço de condição paranormal, mediúnica, esquizofrénica ou
traumática. Oiço e dou-lhe ouvidos por ser a minha mesmo. E a minha é só
diversão! Ao ponto de me engasgar em gargalhadas internas enquanto mantenho
firme o semblante impávido e mais ou menos sereno (que estas coisas vão-se
adquirindo com a experiência).
É que é todo o santo dia! A todas
as horas, em qualquer lugar, situação, com o interlocutor que for. Tenho um
comediante a fazer stand up na minha cabeça 24 sobre 24, até desconfio que me
assalta os sonhos, tantas são as vezes que acordo com uma gargalhada minha!
No elevador, entro sozinha, paira
o fedor a flato do utilizador anterior. Chego ao rés do chão e estão para
entrar dois rapazes, não sendo miúdos não chegavam a ser homens. Logo em
microsegundos avalio se vão comentar, rir, olhar de forma reprovadora, se
travam ou entram e se é lá dentro que comentam em voz suficientemente alta que
os consiga ouvir. Cenários possíveis:
Comentar – “Bem, meu! Que cheirete!”
Rir – “Ahahahahaha”
Olhar de forma reprovadora em
cujos olhares posso ler –“Que badalhoca!”
Comentar dentro do elevador – “F***-se.
Produzem-se e pintam-se todas mas não são capazes de aguentar e apertar no
elevador. Aposto que nem o desceu à corda, deve ter sido à bomba atómica!”
E isto está tudo a acontecer
enquanto desço quatro andares tentando ignorar o vómito por ter percebido que
respirar pela boca afinal não é boa ideia!
Claro que o elevador chega aos
rés do chão e estava lá mesmo alguém e no turbilhão dos pensamentos e cenários
nunca me ocorreu que se saísse apenas com um Bom dia e fizesse de conta que não se passava nada, acabava com a
história, com a vergonha passiva por não ter sido eu, e levava o resto do dia
sem perder mais um pensamento que fosse com o acontecido. Mas isso, não seria
eu.
Plim, abrem-se as portas. Contacto visual intenso, não saio, fico feita
ladrão apanhado com a mão na caixa das esmolas, coro, abro bem os braços e:
- “Isto é uma vergonha! Está aqui
dentro um cheiro que não se aguenta! Se fosse a si, chamava o outro elevador!”
Estou às gargalhadas por dentro!
Encurralei-me, armei-me uma cilada, entretive o meu demente cérebro. Mas ri-me,
ri-me às minhas custas!