Às vezes surpreendo-me com as
coisas que uma mulher é capaz de ensaiar em pensamento, com as lógicas
distorcidas que só nós somos capazes de tecer...do nada saem verdades absolutas
que, valha-me Deus...
Estou na minha vidinha e, é quase
sempre enquanto se desenrolam tarefas rotineiras que dispensam concentração, que
da caixa-na-qual-nascem-coisas-que-tenho-que-hífenizar salta
involuntariamente um pensamento que até a mim me assalta de surpresa.
Exemplos?... bora lá:
1 – “Devo estar a ficar mais
magra. O sensor da luz do átrio demorou tanto tempo a disparar que se calhar
teve dificuldade em reparar em mim! Contei, foram 3 segundos, não é habitual.”
2 – Regra gastronómica: nunca
levar à boca nada que seja cinzento. Cor mais estúpida para comer.
3 – Há uma lista de palavras e
expressões que abomino e me fazem cá uma destas comichões mentais...É
irracional, inexplicável, mexe tanto com o meu âmago que qualquer uma delas despoleta
reações físicas. Contorço-me com salero,
arrepio-me com ponto final, parágrafo, lacrimejo se à Apple insistem em chamar Eipal,
e há mais mas não quero facilitar a vida a quem quiser chatear-me a cabeça...
4 – E a fantástica habilidade
feminina para inventar palavras ou conceitos que simplesmente não estão
grafados no dicionário? Também padeço...terrim – é cartilagem e adoro comê-la,
ui o que me pelo por aquele pedacinho branco translúcido da carcaça do frango. (A
bem da verdade tenho que dividir os créditos desta com a minha parceira de infância, a mana que ainda hoje recebe a metade mais pequena do dito quando nos juntamos em casa dos pais e para o repasto calha de ser servido galináceo.)
Em suma, não é uma questão de
estarmos a aparvalhar, sermos cabecinhas no ar ou estarmos a perder capacidades.
As grandes ideias, invenções e teorias nascem quando a mente divaga, é o limiar
da inconsciência quando mesmo antes de cairmos no sono engendramos algo tão
magnífico que só mesmo a lucidez (?) do dia a dia deita por terra. É quando a mente anda por aí sozinha que
nascem os sorrisos por impulso, aqueles que nos saem em público e que
envergonhadamente tentamos engolir...
Já estabeleci novas resoluções:
vou deixar-me divagar mais, vou
abstrair-me mais, vou bater recordes, bem, recorde: tenho que bater o sensor.
Objetivo – até ao final da próxima semana evitar deteção no átrio durante 4
segundos! E estou prontinha para o verão, magríssima...fácil e resolvido.